No início do século, foi descrito um vírus gigante (Mimivírus) que parasita amebas (Acanthamoebae). Com tamanho aproximado de 0,5 μm, ele é visível ao microscópio óptico.
Dez anos mais tarde, uma equipe de pesquisadores franceses encontrou novos vírus gigantes na Sibéria a 30 metros da superfície. Eles estavam em uma camada do solo denominada permafrost, formada de rocha, sedimentos e gelo. Dois vírus gigantes, denominados Mollivirus sibericum e Phithovirus sibericum, apresentaram tamanhos de 0,5 e 1,5 μm, respectivamente. Portanto, podem ser maiores que certas bactérias (veja https://www.facebook.com/entendamaisciencia/photos/a.113426723372386/274491753932548/?type=3&theater ). A datação mostrou que eles tinham 30.000 anos. Após descongelados, os pesquisadores colocaram os vírus gigantes em contato com amebas Acanthamoeba castellanii. Foi então observado que fizeram a ameba morrer e se multiplicaram. Os vírus, dormentes por longos 30.000 anos, foram capazes de infectar um organismo.
Assim, foi demonstrado que esses microrganismos podem manter seu poder de contágio por muito mais tempo que o esperado. As camadas de permafrost ocupam 25% das terras do hemisfério norte. Devemos ficar alertas uma vez que o aquecimento global tem reduzido a camada do permafrost, além de outras áreas congeladas do planeta. Que tipos de vírus podem estar dormentes em meio a todo esse gelo?
REFERÊNCIAS
La Scola B, et al. (2003) A giant virus in amoebae. Science 299(5615):2033 https://science.sciencemag.org/content/299/5615/2033?ijkey=ab07ed18affa1c34f19764e3ac7d1d7f85d42e6a&keytype2=tf_ipsecsha
Legendre M, et al. (2014) Thirty-thousand-year-old distant relative of giant icosahedral DNA viruses with a pandoravirus morphology. Proc Natl Acad Sci USA 111(11):4274–4279. https://www.pnas.org/content/111/11/4274
Legendre M, et al. (2015) In-depth study of Mollivirus sibericum, a new 30,000-yold giant virus infecting Acanthamoeba Proc Nat Acad Sci U.S.A. 112(38) :E5327-E5335. .https://www.pnas.org/content/pnas/112/38/E5327.full.pdf