AFINAL, QUAL A REAL FORMA DA TERRA?

AFINAL, QUAL A REAL FORMA DA TERRA?

A concepção da Terra plana foi abandonada pela ciência e a sua circunferência foi demonstrada por Eratóstenes há mais de 200 anos A.C. (ver https://entendamaisciencia.com/2020/01/02/a-terra-e-redonda/ ). Embora, alguns tenham voltado a insistir nesse modelo, o fato é que a Terra tem formato arredondado.

Mas pensado tridimensionalmente: a Terra é uma esfera perfeita? Há algum tempo circulou na internet uma imagem que supostamente mostrava a Terra com a superfície muito irregular, que chamaram de geóide (VER FIGURA). Assim, ela teria um formato bem distante de uma esfera! Entretanto, tal figura foi elaborada para mostrar as diferenças da força gravitacional na superfície da Terra e não representa os relevos existentes e a forma real de nosso planeta!

MAS ENTÃO A TERRA É UMA ESFERA PERFEITA? Difícil existir uma esfera perfeita natureza! Devido a rotação da Terra temos um leve achatamento nos polos. Assim, o diâmetro de norte a sul do globo é de 12.714 Km e o diâmetro da linha do equador é de 12.756 Km (diferença de cerca de 40 Km). Além disso, existem montanhas, como Everest que atinge quase 9 km de altura. Porém, tais medidas em relação ao tamanho e volume da Terra são praticamente desprezíveis. Portanto, tenha certeza que a Terra é praticamente tão lisa e esférica quanto uma bola de bilhar!

MEDIDAS ENÉRGICAS PARA CONTER A PANDEMIA AGRAVAM OU AMENIZAM O IMPACTO NA ECONOMIA? O EXEMPLO DA GRIPE ESPANHOLA

O mundo enfrenta a pandemia do novo coronavírus e a maioria dos países adota uma série de medidas para impedir a rápida transmissão da doença. As principais medidas incluem o fechamento de escolas, cinemas, igrejas, proibição de aglomerações, restrições de horário comercial, além da quarentena de casos suspeitos e o uso de máscaras. Está bem determinado que tais medidas diminuem a transmissão do vírus, a propagação da doença e evitam o colapso do sistema de saúde. Portanto, reduzem o número de mortes. É inevitável que uma pandemia (pelas restrições sociais, mortes causadas e outros fatores) tenha também implicações na economia de um país. Mas o uso dessas medidas agrava ou atenua o impacto econômico? Tomar medidas moderadas ou ignorar a pandemia diminui o impacto econômico?


Para não ficarmos no terreno especulativo, e termos uma visão mais científica dessa questão, é necessário buscarmos dados concretos, acompanhando um número grande de países, estados ou cidades, que tenham adotado uma ou outra estratégia. Porém, estamos em meio à pandemia do coronavírus e ainda não temos tal informação. Uma alternativa é olharmos para trás, observando cenário semelhante pelo qual o mundo já viveu e resgatar os dados históricos da economia. Há 100 anos, vivíamos uma pandemia similar à atual. A pandemia da gripe espanhola se estendeu de janeiro de 1918 a dezembro de 1920. Estima-se que cerca de 500 milhões de pessoas (1/3 da população mundial) foram infectadas pelo vírus influenza H1N1, totalizando pelo menos 50 milhões de mortes em todo o mundo.

Estudo recente (ver referência abaixo) avaliou o número de mortes e a recuperação da economia em 43 cidades norte-americanas, na época da gripe espanhola. Uma parte das cidades adotou medidas enérgicas, que incluíram o fechamento de escolas, teatros e igrejas, o banimento de reuniões e aglomerações de pessoas, mas também outras ações, como uso obrigatório de máscara, isolamento de casos e medidas públicas de desinfecção e higiene. Outra parcela das cidades adotou apenas medidas moderadas.


Para cada cidade foram levantadas informações sobre mortalidade e de parâmetros relacionados à economia (e.g., atividades de manufatura, empregos e produção, balanços bancários). O resultado pode ser resumido no gráfico abaixo. Foi constatado que as cidades que intervieram mais cedo e de forma mais agressiva não apresentaram desempenho econômico pior e, pelo contrário, cresceram mais rapidamente após o término da pandemia. Assim, os resultados do estudo indicam que as medidas mais enérgicas não apenas reduzem a mortalidade, mas também podem atenuar as conseqüências econômicas adversas de uma pandemia.

círculos verdes representam cidades que adotaram medidas enérgicas e os vermelhos  medidas moderadas
A pandemia da gripe espanhola de 1918 deprimiu a economia, mas as intervenções de saúde pública reduziram a mortalidade e os impactos econômicos em muitas cidades dos EUA. Note que cidades com medidas mais severas (pontos verdes) tiveram menos mortes (eixo horizontal) e maior desenvolvimento na economia (eixo vertical)
(adaptado de Correia et al. 2020).

REFERÊNCIA

Correia, S.; Luck, S. and Verner, E. Pandemics Depress the Economy, Public Health Interventions Do Not: Evidence from the 1918 Flu (March 30, 2020). Available at SSRN: https://ssrn.com/abstract=3561560 or http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.3561560

PODEMOS RETIRAR O AMARGO DO PEPINO? O TESTE DUPLO-CEGO

Em uma busca no Google encontramos o vídeo “Dica da Ana” que explica o procedimento para tirar o gosto amargo do pepino. Não é só a Ana, é muito difundido o procedimento de cortar uma fatia da extremidade do pepino e esfregá-la sobre a superfície exposta para retirar o gosto amargo. Mas tal procedimento é efetivo?

Podemos testar se o procedimento funciona por meio de um simples experimento:

1-Obtemos vários pepinos e separamos em dois grupos. Em um grupo cortarmos e esfregamos a ponta. Em outro grupo, denominado controle, não realizamos tal procedimento

2-Entregamos várias amostras de pepinos para uma pessoa, que não sabe quais foram esfregados e quais são o controle (CEGO 1).

3-Essa pessoa irá oferecer os pepinos à voluntários para avaliarem o gosto do pepino (CEGO 2).

O experimento se chama duplo-cego porque tanto a pessoa que oferece o pepino (CEGO 1) como os degustadores (CEGO 2) desconhecem quais pepinos foram esfregados e quais são o controle.

O objetivo do duplo-cego é evitar qualquer interferência consciente ou inconsciente nos resultados. Assim, é importante que todos os envolvidos desconheçam aquilo que está sendo testado. O estudo duplo-cego é de grande importância para a ciência, sobretudo para verificar a eficácia de medicamentos. No caso de um medicamento a ser testado, passamos ao médico um comprimido do remédio e um comprimido placebo, que é inerte, como uma pílula de farinha. Nem o médico (CEGO 1) e nem o paciente (CEGO 2) sabem qual comprimido é o remédio e qual é o placebo. Após comparar uma amostra com vários pacientes que tomou o remédio com outra que recebeu o placebo é verificado a progressão da doença entre os dois grupos, verificando assim a eficácia ou não do medicamento.

A HIDROXICLOROQUINA É EFICIENTE PARA O TRATAMENTO DA COVID- 19?

O país vive grande polêmica sobre o uso da hidroxicloroquina para o tratamento da Covid-19. Experimentos “in vitro”, com células cultivadas em laboratório, mostraram eficácia do remédio contra a infecção do coronavírus (SARS-CoV-2) [1, 2]. Porém, resultados positivos de experimentos em laboratório não asseguram que uma droga será efetiva quando usada em humanos. Estudo desenvolvido na França com 20 pacientes sugeriu a redução ou desaparecimento da carga viral em pacientes com Covid-19 pela administração da hidroxocloroquina em conjunto com a azitromicina [3]. Tal trabalho foi criticado pela baixa amostragem de pacientes. Um estudo mais recente, ao avaliar o tratamento com amostra de 1.438 pacientes com Covid-19 em hospitais de Nova York, não detectou diferenças na taxa de mortalidade entre os que tomaram hidroxicloroquina e/ou azitromicina e aqueles tratados com nenhum medicamento [4]. Porém, o grupo de pesquisadores franceses, liderado pelo cientista Didier Raoult, alegou que a droga só seria efetiva se administrada nas fases iniciais da doença. Dessa forma, eles conduziram um estudo com 1.016 pacientes, administrando a droga em estágios iniciais da Covid-19 e alegaram uma baixa taxa de mortalidade [5]. Por outro lado, um estudo conduzido com 150 pacientes em estágios moderados e leves de Covid-19 na China concluiu pela não eficácia da droga [6]. Qual estudo é o mais convincente? O primeiro com uma amostra de 1.016 paciente ou o segundo com apenas 150 pacientes? A seguir, algumas informações que podem orientar sua resposta.

Procedimento para um bom teste de medicamentos

A qualidade de um estudo clínico será assegurada se seguir alguns critérios básicos. Os principais seriam uma grande amostra de pacientes testados de uma mesma população e a existência de um grupo controle. O grupo controle é formado por pacientes da mesma população e que não tomam a medicação. Este grupo controle é imprescindível para a comparação! Outros critérios, que asseguram mais ainda a qualidade do teste, incluem: a randomização (distribuição ao acaso nos grupos testados), a administração de placebo (um comprimido inerte, como uma pílula de farinha) no grupo controle e o uso do duplo-cego (nem os pacientes e nem os pesquisadores sabem quem ingeriu o remédio e quem tomou o placebo)*.

Procedimento utilizado pelos estudos citados

O estudo liderado pelo pesquisador Raoult avaliou 1.016 pacientes de uma população de franceses e concluiu que a taxa de mortalidade é baixa. Porém, não havia um grupo controle. Sem um grupo controle podemos afirmar que a taxa de mortalidade é baixa? Por outro lado, o estudo feito pelos chineses, embora tenha uma amostra menor (150 pacientes da população chinesa), comparou dois grupos (75 receberam hidroxicloroquina e 75 não receberam o remédio). Os resultados não mostraram diferenças entre os dois grupos. Diante desses estudos, podemos afirmar que a hidroxicloroquina é eficiente?

REFERÊNCIAS

[1] Liu, J., Cao, R., Xu, M. et al. Hydroxychloroquine, a less toxic derivative of chloroquine, is effective in inhibiting SARS-CoV-2 infection in vitro. Cell Discov 616 (2020). https://doi.org/10.1038/s41421-020-0156-0

[2] Xueting Yao, Fei Ye, Miao Zhang, Cheng Cui, Baoying Huang, Peihua Niu, Xu Liu, Li Zhao, Erdan Dong, Chunli Song, Siyan Zhan, Roujian Lu, Haiyan Li, Wenjie Tan, Dongyang Liu, In Vitro Antiviral Activity and Projection of Optimized Dosing Design of Hydroxychloroquine for the Treatment of Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2 (SARS-CoV-2), Clinical Infectious Diseases, ciaa237, https://doi.org/10.1093/cid/ciaa237

[3] Gautret P, Lagier J-C, Parola P, et al. Hydroxychloroquine and azithromycin as a treatment of COVID-19: results of an open-label non-randomized clinical trial. Int J Antimicrob Agents. 2020. In press. DOI:10.1016/j.ijantimicag.2020.105949.

[4] Rosenberg ES, Dufort EM, Udo T, et al. Association of Treatment With Hydroxychloroquine or Azithromycin With In-Hospital Mortality in Patients With COVID-19 in New York State. JAMA. Published online May 11, 2020. doi:10.1001/jama.2020.8630

[5] Million M, Lagier J-C, Gautret P, et al. Full-length title: Early treatment of
COVID-19 patients with hydroxychloroquine and azithromycin: A
retrospective analysis of 1061 cases in Marseille, France. Travel Medicine and
Infectious Disease 2020: 101738.

[6] Tang Wei, Cao Zhujun, Han Mingfeng, Wang Zhengyan, Chen Junwen, Sun Wenjin et al. Hydroxychloroquine in patients with mainly mild to moderate coronavirus disease 2019: open label, randomised controlled trial BMJ 2020; 369 :m1849

*veja como é conduzir um experimento duplo cego em: https://www.facebook.com/entendamaisciencia/photos/a.113426723372386/140220264026365/?type=3&theater

MUITO MAIS MORTAL QUE O CORONAVÍRUS: O TEMIDO EBOLA

O coronavírus (SARS-CoV-2) surgiu em 2019 em Wuhan, na China, e causa a atual pandemia. Porém, em 1976, surgiu outro vírus muito mais assustador, na África, com dois surtos simultâneos que atingiram o Sudão e o Congo. O ebola é um vírus em forma de filamento e muito mais mortal que o atual coronavírus No Sudão, o ebolavírus infectou 284 pessoas e matou 151. No Congo, foram registrados 318 casos e 280 mortes (taxa de mortalidade = 88%). Desde então, mais de 20 surtos ocorreram na África. O pior foi a epidemia de 2013-2016 que resultou em um total de 28.646 casos, sendo 11.323 fatais (taxa de letalidade = 40%).

Assim como o coronavírus, os humanos se infectaram com o ebolavírus pelo contato com o sangue, secreções ou outros fluidos corporais de animais , como morcegos, macacos, porcos-espinhos ou antílopes. Isso possivelmente se deu em áreas desmatadas onde os humanos entraram em contato com carnes desses animais. O contágio entre humanos é alto e ocorre pelo contato direto das mucosas ou peles lesionadas com o sangue ou fluidos corporais de uma pessoa infectada.

O ebolavírus utiliza as nossas células de defesa para se multiplicar e se espalhar em nosso corpo. Os sintomas iniciais se assemelham a uma gripe, mas evoluem para vômitos, diarreia e erupções cutâneas. Ocorre dificuldade de coagulação sanguínea e alguns casos evoluem para hemorragia, geralmente no trato gastro-intestinal, e às vezes a pessoa pode perder sangue pelas mucosas.

A letalidade da doença do ebola pode variar entre 25 e 90%, sendo muito maior que a da Covid. Felizmente o ebolavírus não permanece em gotículas suspensas no ar como o novo coronavírus. Se assim fosse, poderíamos ter a perda de mais da metade da população de nosso planeta!

REFERÊNCIAS

https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(18)33132-5/fulltext#seccestitle20

https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/ebola-virus-disease

https://en.wikipedia.org/wiki/Ebola

PODEMOS “PEGAR PULGAS” DE CÃES E GATOS? E NOSSOS PELUDOS? PODEM TROCAR SUAS PULGAS ENTRE SI?

Existem cerca de 2.500 espécies de pulgas, que se alimentam do sangue de mamíferos e aves.  Ao longo da evolução esses insetos perderam as suas asas e seus corpos ficaram achatados, o que permite eficiente locomoção entre os pelos ou penas. O desenvolvimento das pernas traseiras, acompanhado pela presença de uma proteína elástica chamada resilina, possibilitou tais animais pularem a alturas de 30cm e distâncias de até 50cm, ou seja, mais de 100 vezes o tamanho de seu corpo. Esse mecanismo eficiente de saltos é essencial para que a as pulgas busquem novos hospedeiros.

Muitos animais apresentam preferência por certos habitats. Determinadas condições, como grau de luminosidade, temperatura, umidade, substâncias químicas e outras variáveis tornam alguns habitats mais adequados para certa espécie e menos propício para outra. Alguns animais são muito especializados e vivem em um ou poucos habitats. Outros animais são mais generalistas, podendo viver em vários habitats. Com as pulgas acontece algo parecido. Algumas parasitam poucos hospedeiros (que são o seu habitat) e outras podem ocorrer em várias espécies.

A consulta de estudos feitos em várias partes do mundo (VER REFERÊNCIAS) revela que a pulga do homem (Pulex irritans) parasita vários animais, incluindo o ser humano. A pulga do gato (Ctenocephalides felis) infesta com frequência gatos e cachorros. Já a pulga do cachorro (Ctenocephalides canis) parasita cães e raramente gatos. Pulgas de gatos e cachorros parecem não gostar do “habitat Homo sapiens” e muito raramente sofremos ataques dessas pulgas!

REFERÊNCIAS:

https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/j.1096-0031.2008.00211.x

https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0304401700002740

https://academic.oup.com/jme/article/38/1/111/1006980

https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/j.1365-2915.1997.tb00430.x

COMO É FORMADO O GRANDE ESCUDO QUE GARANTE A NOSSA VIDA

Existe um campo magnético ao redor da Terra e ela se comporta como um grande imã. Certas aves conseguem detectá-lo e o utilizam para se orientar durante a migração. Nós não podemos percebê-lo diretamente, mas é possível constatar a sua existência por meio de uma bússola. O polo magnético sul está localizado próximo do polo norte geográfico e o polo norte magnético próximo do sul geográfico.

COMO SE FORMA O CAMPO MAGNÉTICO?

A Terra possui camadas: a crosta, o magma e o núcleo. É a porção mais interna, pouco menor que a Lua e composta essencialmente por ferro, que gera o campo magnético da Terra. O núcleo possui temperaturas elevadíssimas, similares ao do sol, ou seja, podem atingir cerca de 6.000ºC. Existe uma parte mais interna que, devido a altíssima pressão, é sólida. Já a camada mais externa possui pressão e temperaturas mais baixas e é líquida. O núcleo interno sólido, com temperaturas mais altas, age como uma grande fornalha para o núcleo externo líquido. Esse calor interno provoca uma intensa movimentação do metal fundido do núcleo externo, formando correntes de convecção (como a água em uma panela sobre o fogo). As altas temperaturas ionizam os átomos de ferro, isto é arrancam os seus elétrons. O movimento de cargas elétricas gera um campo magnético. Portanto, é justamente a movimentação do ferro ionizado (que possui carga elétrica) do núcleo externo que gera o campo magnético da Terra.

O campo magnético forma uma barreira imprescindível para a vida na Terra. Sem a sua existência o nosso planeta seria bombardeado pelas partículas do vento solar (ver
https://www.facebook.com/entendamaisciencia/photos/a.113426723372386/150805002967891/?type=3&theater) e a nossa atmosfera seria varrida.

Devemos a nossa vida ao calor metálico das profundezas da Terra!

A TERRA É REDONDA?

Há 2.300 anos o grego Eratóstones leu um papiro na biblioteca de Alexandria que relatava que ao meio-dia, do dia mais longo do ano (21 de junho), havia ausência de sombra num poço de Siena. Colunas dos templos ou varetas verticais também não projetavam qualquer sombra em Siena ao meio-dia. Entretanto, Eratóstenes verificou que edificações e varetas, no mesmo dia e horário em Alexandria, projetavam sombras no chão. Para explicar isso Eratóstones concluiu que a Terra era redonda.

O CÁLCULO DA CIRCUNFERÊNCIA DA TERRA. Eratóstones mediu o ângulo de inclinação da sombra da vareta em Alexandria e verificou que era de 7 graus. Para completar os 360 graus de um círculo seria necessário multiplicar 7 por 50. Então ele pediu para medirem a distância entre Alexandria e Siena. A distância medida foi 800 km. Assim, os 800 km vezes 50 foi a estimativa da circunferência da Terra. Há 2.300 anos com varetas, observação e um cérebro descobrimos o tamanho do nosso planeta.

POR QUE NÃO EXISTE UM GRANDE DESERTO NO CENTRO-SUL DO BRASIL?

Acompanhe no mapa a região entre as duas faixas vermelhas. São áreas dominadas por desertos. Mas existe uma exceção. É justamente a região centro-oeste, sudeste e sul do Brasil!

QUAL A EXPLICAÇÃO?

A Floresta Amazônica elimina diariamente 20 bilhões de toneladas de água na atmosfera. Ventos carregam parte dessa enorme umidade para o interior da América do Sul. A cordilheira dos Andes (que é um “grande paredão”) canaliza esse fluxo de água aérea para o centro-oeste, sudeste e sul do Brasil. São os rios voadores. São justamente esses rios voadores que geram as chuvas para essa região do território brasileiro, responsável pela maior produção agrícola do país (e que gera cerca de 80% do PIB do Brasil).

A água que alimenta a Amazônia provém da evaporação do Oceano Atlântico. É a floresta que puxa essa água para dentro do continente. A transpiração da floresta se condensa e forma nuvens, fazendo com que haja uma queda na pressão atmosférica. É justamente essa menor pressão que “suga” a umidade do oceano. Portanto, a Floresta Amazônica funciona como uma bomba d’água puxando a água do oceano e a transportando para regiões meridionais da América do Sul.

Se a bomba de sua casa quebrar você ficará sem água, mas você poderá consertá-la. Se a grande bomba-d’água amazônica acabar as consequências serão bem mais sérias!

Estudos indicam que se o desmatamento atingir entre 20 e 25% da cobertura florestal da Amazônia ela entrará em colapso e os rios voadores deixarão de existir. Temos que olhar com mais carinho para essa incrível floresta!

REFERÊNCIAS:

https://www.hydrol-earth-syst-sci.net/11/1013/2007/

https://journals.ametsoc.org/d…/full/10.1175/JHM-D-12-0190.1

https://www.nature.com/articles/nature11390?page=7

https://advances.sciencemag.org/content/4/2/eaat2340

GUIA PARA PROFESSORES OU QUEM QUISER SABER MAIS: http://riosvoadores.com.br/…/Caderno-Professor-Rios-Voadore…

TAMBÉM PARA SE INFORMAR MAIS ASSISTA O VÍDEO: https://www.youtube.com/watch?v=HYcY5erxTYs

IGUAIS, MAS DIFERENTES

O diamante e o grafite possuem exatamente a mesma composição química. Ambos são formados de carbono. Entretanto, as suas propriedades são muito distintas. O diamante é o mineral mais duro que conhecemos, tem aparência transparente e é isolante elétrico. Já o grafite é mole, escuro e bom condutor de eletricidade.

Tais diferenças devem-se as suas estruturas moleculares. No diamante, os átomos de carbono se ligam fortemente entre si formando uma grande e rígida estrutura espacial. Nesse tipo de ligação, chamada covalente, os carbonos compartilham os seus elétrons, ficando fortemente unidos. Já no grafite os carbonos se ligam covalentemente formando uma estrutura plana, que formam várias camadas como folhas sobrepostas. Essas camadas são ligadas entre si por interações eletrostáticas muito fracas (chamadas de Van der Waals). Isso faz com que o grafite seja facilmente desfeito. Quando desenhamos com um lápis algumas dessa camadas ficam simplesmente aderidas ao papel.