Frequentemente a roda é mencionada como uma das invenções mais importantes da humanidade. É difícil precisarmos o momento de sua descoberta. Possivelmente foi concebida em algum momento a partir de 50.000 antes do presente, quando os humanos viveram a Explosão Criativa do Paleolítico Superior (ver aqui). No entanto, a evidência mais antiga do seu uso para locomoção é de 5.100 a 5.300 anos atrás, da antiga cidade de Uruk, na Mesopotâmia.

O registro inequívoco mais antigo de uma roda foi encontrado na Ljubljana, próxima da Eslovenia e tem a mesma idade dos registros da Mesopotâmia.

Ao longo da história, grande parte das invenções humanas foi inspirada no mundo natural (e.g. o avião a partir das aves planadoras), mas a roda para locomoção é usualmente reconhecida como uma inovação 100% creditada ao Homo sapiens. Na realidade, podemos dizer que a natureza chegou perto várias vezes, afinal as plantas Tumbleweeds, os besouros de esterco (Scarabaeidae), a aranha-roda dourada (Carparachne aureoflava), o crustáceo estomatópode (Nannosquilla decemspinosa) e o pangolim (Manis spp.) usam ou podem usar o sistema rotativo de locomoção. Veja a seguir:



O motor que aciona o flagelo bacteriano é a única estrutura verdadeira de roda e eixo conhecida em biologia e podemos dizer que esses microorganismos “inventaram” a roda muito antes dos humanos. Essas bactérias giram o flagelo usando um motor molecular em forma de roda.

Há mais de 5.000 anos os humanos não poderiam ter ideia do mecanismo de roda e eixo de uma bactéria flagelada, mas talvez tenham se inspirado em um besouro do esterco para criarem a estrutura que mudou o rumo da humanidade.
REFERÊNCIAS
Bakker, J., Kruk, J., Lanting, A., & Milisauskas, S. (1999). The earliest evidence of wheeled vehicles in Europe and the Near East. Antiquity, 73(282), 778-790. doi:10.1017/S0003598X00065522
Gasser, Aleksander (March 2003). “World’s Oldest Wheel Found in Slovenia”. Government Communication Office of the Republic of Slovenia. Archived from the original on 2016-08-26. Retrieved 2015-03-07.
LaBarbera, M. (1983). Why the Wheels Won’t Go. The American Naturalist, 121(3), 395–408. http://www.jstor.org/stable/2461157