O neurocientista James Fallon é casado, pai de três filhos e professor da Universidade da Califórnia, nos EUA.
Na tarde de outubro de 2005, Fallon estava examinando algumas imagens de PET, que mostravam padrões da atividade cerebral (VER https://www.facebook.com/entendamaisciencia/posts/158194668895591 )
Ele observava várias imagens de cérebros incluindo os de esquizofrênicos, depressivos, assassinos e os de pessoas sem tais condições. Por acaso, ele também estava fazendo um estudo sobre a doença de Alzheimer e tinha em sua mesa exames cerebrais de toda a sua família. Foi quando se deparou com a imagem de um cérebro que mostrava baixa atividade em certas áreas dos lobos frontais (VER FIGURA), condição ligada à falta de empatia, moralidade e autocontrole, típica da psicopatia. Sabendo que aquela imagem pertencia a um membro de sua família, Fallon foi averiguar se havia algum erro na máquina PET de seu laboratório. Porém, o aparelho estava funcionando perfeitamente! Ao buscar de quem seria tal imagem cerebral foi surpreendido por uma revelação perturbadora: o cérebro psicopático da imagem era o dele!
Fallon passou a buscar outros indicativos. Descobriu que a sua linhagem familiar incluía vários supostos assassinos, incluindo a famosa Lizzie Borden, acusada de matar seu pai e madrasta a machadadas. Obteve alta pontuação em um teste utilizado para avaliar tendências antissociais e psicopáticas. Exames do seu DNA mostraram que ele tinha baixa atividade do gene MAO-A (localizado no cromossomo sexual X). Tal gene é importante modulador de neurotransmissores e a sua baixa atividade está associada a ausência de empatia, comportamento agressivo e violento.
Mas como uma pessoa com gene e cérebro de psicopata se tornou um importante cientista, estável e não violento? James Fallon admite traços de psicopatia (narcisismo, egoísmo, tendência à agressividade), mas faz caridades e ao ver um bebê pode ficar com os olhos cheios de lágrimas.
“Eu fui amado e recebi muita atenção de meus pais. Tive uma infância encantada e nunca fui abusado. Ninguém fez nada de ruim o suficiente para me transformar em um assassino. Tudo isso me protegeu!”, diz Fallon.
É inegável que a nossa carga genética nos predispõe a uma série de posturas e comportamentos. Somos resultado da interação de nossos genes e do meio em que vivemos. James Fallon é a prova viva de que é possível mudar até mesmo o destino de um psicopata. Então, com a educação e afeto, talvez não seja muito difícil darmos um rumo promissor para o mundo!
(Na foto, o neurocientista James Fallon e a sua mãe Jenny)
REFERÊNCIAS: